Sociedade Espiritualista Ogum Megê
"Umbanda é a manifestação do espirito para a prática da caridade".
A História da Sociedade Espiritualista Ogum Megê (SEOM) começa nos anos 50, quando Mãe Dalmácia (in memoriam) conhece seu esposo Savério Bruno (in memoriam). Ele frequentava um centro espírita e era amigo de Seu Cabral, pai de Mãe Dalmácia. A família de Mãe Dalmácia passava por problemas espirituais e depois de um encontro fortuito Savério resolveu ajudá-los encaminhando-os para o centro que ele frequentava. Passado algum tempo Savério e Dalmácia casaram-se e passaram a realizar reuniões espíritas.
Savério era um médium inconsciente (mediunidade que praticamente já está extinta) e trabalhava com seu Guia Águia Branca realizando curas magníficas. Muitos o procuravam. A confiança em sua mediunidade era fruto de experiências reais. Com o tempo este trabalho foi ficando insuficiente, pois as necessidades ultrapassavam as questões espirituais e era necessário um trabalho voltado à quebra de magia negativa que aqueles que o procuravam necessitavam. Junto a isso vinha o desejo daquelas pessoas de ritualizarem aquele trabalho e encontraram na Umbanda um lugar excelente para o que desejavam. Pai Savério (filho de Obaluae e Oxum), já havia sido preparado anos antes como Pai de Santo num terreiro localizado na Bahia. Infelizmente não temos maiores informações sobre este período. Essas informações se perderam no tempo. A única informação que temos era que a Mãe de Santo que o preparou era médium do Caboclo Ubirajara. Juntamente com sua esposa, Dalmácia e outras pessoas entre elas cabe destacar Seu Cabral (pai de Dalmácia) Lídice Cabral, Marcos Cabral, Cabral entre outras pessoas criaram a Taba do Caboclo Sete Flechas, guia que passaria a trabalhar através da mediunidade de Pai Savério.
Foram diversos os lugares que este terreiro esteve, mas o que ficou mais tempo foi na região da Posse em Nova Iguaçu na rua onde recebeu seu nome Rua Savério José Bruno. Neste lugar realizou muitos trabalhos. Era reconhecido por muitos. Através de seus guias (Caboclo Sete Flechas, Pai José da Bahia, Exu Tranca Ruas) ele curou centenas de pessoas. Alguns anos depois Seu Sete Flechas informou a Dalmácia que ela precisava se preparar. Que ela devia passar pela ritualística de iniciação sacerdotal. Ninguém entendeu direito, mas ordem dada é ordem cumprida. Savério não poderia preparar sua própria esposa, então Dalmácia percorreu diversos terreiros procurando alguém que realizasse tal tarefa. Mas como a Umbanda não é perfeita encontrou dezenas de pessoa querendo se aproveitar da situação. Foi então, que o Caboclo Sete Flechas, recebendo autorização do "Pai Maior", como ele mesmo disse, resolveu ele mesmo iniciar Dalmácia nos Mistérios da Umbanda. Assim foi. Dalmácia foi preparada e iniciada como Dirigente de Umbanda tornando-se Mãe Dalmácia (filha de Iemanjá e Oxóssi). Mas logo depois veio a notícia que não se esperava. Pai Savério estava com Câncer e por ironia do destino ou pela Lei Maior, ele que através de seus guias, curou centenas de pessoas não poderia ser curado e um ano depois da notícia desencarnou deixando centenas de pessoas órfãs. A tristeza foi geral. Pai Savério deixava esposa, dois filhos carnais William Bruno e Sandra Bruno e centenas de pessoas que choravam enquanto seu corpo era velado no terreiro. O terreiro ficou fechado por alguns meses em luto.
Mas a vida tinha que continuar e o terreiro também. Assim com alguma resistência inicial Mãe Dalmácia e Mãe Lídice (filha de Iansã e Xangô) deram seqüência aquele trabalho. Também passou por diversos lugares recebendo outros nomes, entre eles Instituição de Beneficência e Auxílios Mútuos - Águia Branca. Até que em 1988, uma aluna no curso de modelagem de Mãe Dalmácia e Mãe Lídice, informou a elas que seu tio gostaria de doar um imóvel que funcionava um terreiro, mas que tinha que ser para a prática da caridade. Seu Antônio Michelino fez a doação. Foi ai que surgiu a Sociedade Espiritualista Ogum Megê. Instituição organizada por Seu Cabral. E até hoje a SEOM funciona neste mesmo local. Depois de alguns anos as duas irmãs resolveram ampliar o trabalho e Mãe Lídice abriu um terreiro em outra localidade onde trabalha em prol da caridade seguindo os ensinamentos adquiridos com Caboclo Sete Flechas.
Nestes anos todos, Mãe Dalmácia atendeu a todos com o mesmo carinho e dedicação. Dizia que aprendeu que a ninguém devemos dar as costas. Dedicada, teve nestes anos todos dezenas de filhos que a chamavam carinhosamente de Mãe. Médium da Cabocla Jurema, da Vovó Cambinda e da Pomba Gira Cigana nos ensinou que a Umbanda é caridade e simplicidade. Que a vaidade é o precipício do médium. Mãe Dalmácia sempre foi um exemplo a ser seguido na magnífica tarefa de ser médium de Umbanda.
Em 2015 Mãe Dalmácia já com a saúde abalada resolveu passar seus conhecimentos para aquele que daria seguimento ao seu trabalho. Em outubro ocorre a iniciação sacerdotal de Pai Victor Teixeira (filho de Obaluaê e Oxum), médium da casa desde 2003 e que busca manter toda a tradição de nosso terreiro aliado ao necessário processo de amadurecimento e renovação da religião.
Em 2016 Mãe Dalmácia precisou se afastar dos trabalhos mediúnicos. Ela havia recebido o diagnóstico de ser portadora do mal de Alzheimer. Em junho de 2018 sofreu dois AVC e no dia 26 de agosto retornou ao plano espiritual certamente sendo recebida por todos aqueles guias que ela tanto amava.
Hoje nosso terreiro segue firme no propósito de manter os ideais da Umbanda vivos: amor, humildade e caridade.
Saravá Águia Branca!
Saravá o Caboclo Sete Flechas!
Saravá a Cabocla Jurema!
Saravá o Caboclo Roxo!