A Umbanda que temos e a Umbanda que queremos
A Umbanda que temos e a Umbanda que queremos
(Por Victor Teixeira)
Sou adepto da religião de Umbanda já há alguns anos. Desde sempre, busquei olhar a Umbanda como uma religião como outra qualquer. Jamais entendi a Umbanda como a religião perfeita, ou a religião do futuro. Identifiquei-me com a Umbanda mas percebia que havia muito a construir e a melhorar naquela religião. E digo isso, não me referindo apenas ao terreiro que freqüentava, mas ao conjunto do movimento umbandista. Certamente que parte do preconceito existente contra a Umbanda deriva de um racismo enraizado em nossa sociedade. Mas há mais do que isso.
Estudando e ouvindo percebi que muitas das práticas exercidas por alguns que se diziam umbandistas corroboravam para este preconceito. Há uma banalização dos fundamentos umbandistas. Há uma deturpação dos conceitos. Há uma confusão entre a questão de não haver uma codificação e a ideia de que tudo pode. NÃO! NEM TUDO PODE. Sou bastante tolerante com a diversidade, e isso é uma obrigação. Mas bastante intolerante com a falta de bom senso. Sim falta bom senso. Não vou ficar aqui listando essas questões. Basta uma rápida busca pelo Youtube e veremos barbaridades em nome da Umbanda. A Umbanda não prática o mal. Ponto final. Não há aqui relativismo.
A Umbanda é complexa em seus fundamentos mas simples em suas práticas. Sem exageros por favor. A Umbanda é o brado do caboclo, o cachimbo do preto velho, a alegria da criança e muitas outras coisas mais. Mas todas essas coisas devem estar a serviço do bem e da caridade. Na Umbanda não se faz amarração. A Umbanda não é um comércio, onde entregamos um cachimbo e recebemos aquilo queremos. Na Umbanda não se cobra pelo atendimento. Muitas pessoas sempre me perguntam isso, o que muito me assusta pois se perguntam é porque é isso que encontram por ai. Esta na hora de uma reflexão madura e pensarmos a Umbanda que temos e a Umbanda que queremos.
Ou fazemos isso urgentemente ou a Umbanda continuará no senso comum como a religião da "macumba" e da troca de favores.
OBS: Este artigo é uma reflexão de um debate proposto por Rodrigo Queiróz.